Poucos irão se lembrar, mas esta quinta-feira, 12 de junho – além da abertura da Copa do Mundo, do primeiro jogo do Brasil no campeonato e do Dia dos Namorados – é também o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Assim, como a data se perde em meio ao clima de festa, a proteção das crianças também ficou fora do foco nas ações de preparação da Copa do Mundo.
Entre os principais riscos de violação de direitos da criança e do adolescente está o trabalho infantil. A realidade que já atinge 3,4 milhões de pessoas entre 10 e 17 anos, segundo o Censo 2010, tende a se agravar durante a Copa do Mundo com o aumento da demanda de serviços. Imagens comuns a muitos brasileiros, como crianças e adolescentes cuidando de carros, vendendo alimentos nas praias ou em bares, ou catando latinhas em festas, devem ser ainda mais recorrentes. Há também o temor de que atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e a exploração sexual, aumentem.
Assim como o trabalho infantil, outras violações de direitos já recorrentes – como negligência e as violências física, psicológica e sexual – tendem a se agravar. Os estados que receberão jogos da Copa já apresentam índices preocupantes. De acordo com levantamento realizado pelo Promenino, algumas localidades têm mais casos de trabalho infantil do que a média nacional. Por exemplo, o Paraná possui 16% da sua população entre 10 e 17 anos trabalhando, enquanto o país como um todo tem 12%, segundo o Censo de 2010.
Outras questões são mais difíceis de medir, a exemplo de negligência e violência sexual, pela falta de dados. A partir do balanço do Disque 100, principal canal de denúncias em nível nacional, é possível ter uma ideia dos estados com mais relatos de violações de direitos de crianças e adolescentes. Os números mostram que, na maioria dos locais que receberão jogos da Copa, há mais registros de denúncias de negligência e violência sexual que na média nacional. No entanto, os dados são apenas uma referência que nem sempre mostram exatamente a realidade, já que o serviço de denúncias não está totalmente consolidado no país e há locais em que a população está mais informada sobre o serviço do que em outros.
O balanço de violações da Copa das Confederações, realizada em 2013, mostrou que o trabalho infantil foi a prática mais recorrente. As equipes de atendimento também encontraram casos de abuso de álcool e outras drogas por adolescentes, de exploração sexual e de crianças desaparecidas.
Fonte: http://www.promenino.org.br/noticias/reportagens/prioridade-absoluta-criancas-e-adolescentes-seguem-fora-do-foco-na-preparacao-da-copa